Caio Fernando Abreu dizia:

"Em luta, meu ser se parte em dois. Um que foge, outro que aceita. O que aceita diz: não. Eu não quero pensar no que virá: quero pensar no que é. Agora. No que está sendo. Pensar no que ainda não veio é fugir, buscar apoio em coisas externas a mim, de cuja consistência não posso duvidar porque não a conheço. Pensar no que está sendo, ou antes, não, não pensar, mas enfrentar e penetrar no que está sendo é coragem. Pensar é ainda fuga: aprender subjetivamente a realidade de maneira a não assustar."

(Eu dizia que fugir era mais fácil do que enfrentar. Eu até assumo minha extremada covardia em certos casos, mas também é de uma bela coragem que opto por isso ou aquilo. Tendo noção ou não, e pelo fato de pensar demais acabará sempre escolhendo por aquilo. Aquilo que me fazia manter pés no chão e mente aberta. Sem maiores problemas, meu excesso de complexidade é aterrorizante, e fascinante ao mesmo tempo. E quando penso que tenho que mudar, não sinto vontade alguma de mudanças. Deve ser que sou assim mesmo. Minhas vontades estão gritando louca dentro de mim, minhas mais intimas possibilidades e desejos. Misturados a todos meus pensamentos e sentimentos. Mais entre enfrentar, fugir e aceitar... Prefiro pensar!)